terça-feira, 11 de janeiro de 2011

BELÉM 395 ANOS

UM POUCO DA HISTÓRIA
Dia de Natal de 1615. Começava naquele dia festivo, em São Luis do Maranhão, a ser escrito o primeiro capitulo da história da conquista da Amazônia pelos portugueses. Partira Castelo Branco comandando uma frota acanhada: o patacho “Santa Maria da Candelária”, o caravelão “Santa Maria da Graça” e a lancha grande “Assunção” – carregadas com dez peças de artilharia, munição e mantimentos. Acomodavam-se na pequena frota 150 soldados, divididos em três companhias comandadas por Pedro Teixeira (mais tarde o maior personagem da conquista do Rio Amazonas), Pedro Freitas, Álvaro Neto e Antonio da Fonseca. O piloto-mor chamava-se Antonio Vicente Cochado, mas o rumo da frota ficou sob a responsabilidade do navegador francês Charles de Vaux.
Nenhuma das fontes mais consultadas sobre a fundação de Belém detalha com riqueza a partida da esquadra de Castelo Branco, do Forte de São Felipe, na Baia de São Marcos. Antes da viagem, Castelo Branco recebeu do capitão-mor do Maranhão, Alexandre de Moura, um Regimento, datado de 22 de dezembro de 1615, com orientações e recomendações, entre as quais se destacam:
1) Reconhecer o caminho entre a Baia de São Marcos e a embocadura do rio Pará. Dizia: ... “saindo deste Porto, procurará que os nossos marinheiros vão reconhecer a costa (...), com o prumo (instrumento que mede a profundidade) na Mão para que com facilidade tenhamos como continuar a dita carreira”
2) Entrado no Rio Pará, escolher um local para instalar uma fortificação, “lembrando-lhes que mãos inimigas possam danificar seus navios por serem pequenos”.
3) Deixar no dito (rio) Pará um capitão sagaz e astuto que esculdrilhe os secretos (locais do interior) daquele rio”.
4) Descobrir” onde estão duas roqueiras (pequenos canhões) e um falcão de bronze (arma de fogo de pequeno calibre e cano longo) e duas pessoas (estátuas?) de bronze pequeninas”, que de Vaux deixara na região antes de capitular no Maranhão.
5) Informar com brevidade ao governador geral, Gaspar de Sousa, para que este possa acudir e também avisar a Lisboa.
Tudo resolvido, ordens recebidas, tripulação e contigente embarcados, içaram-se as velas no dia de Natal. Depois do bordejo pela Baia de São Marcos, os barcos tomaram o rumo da barra. A esquadra correu sempre pela costa rumo a noroeste, apenas de dia. Não há registros, segundo Ribeiro do Amaral, das ocorrências durante a jornada, por exemplo, em relação ao contato com os índios, cujas povoações poderiam ser vistas de bem perto, navegando as embarcações bem próximas ao continente. No trajeto, do Maranhão ao (rio) Gurupá, segundo registros do padre Antonio Vieira nas suas “Vozes Saudosas”, “havia para mais de 500 aldeias (...), que deitavam quatro a cinco mil arcos”. Segundo Amaral, em uma das muitas cartas que (Vieira) costumava escrever ao rei, computavam-se mais de dois milhões de “gentios” em quinhentas povoações.
O único documento da expedição chamava-se “Relaçao do que há no grande rio das Amazonas novamente descoberto”, escrito por Antonio Pereira da Fonseca. Mas, “tudo é vago, impreciso, obscuro, quase desconhecido. A não ser o dia da partida de São Luis, não há uma só data sequer a pontuar a narrativa” – diz o historiador. Quando trata da entrada da expedição no Rio Amazonas é um pouco mais explicito, mesmo assim “sem importância”, pois diz o que já se sabia: a presença de holandeses e flamengos no Cabo do Norte.
Amaral desqualifica registros de que a três de dezembro os portugueses teriam desembarcado em terra da Amazônia, quando é certo que a 22 daquele mês Caldeira estava em São Luis preparando a expedição. Verdadeiro, porém, é que a viagem durou mesmo 18 dias.
A frota chegou, “após alguns dias de viagem, defronte da Barreta que forma a entrada da atual cidade de Vigia de Nazaré”. Não há detalhes sobre essa localidade no documento de Pereira da Fonseca, mas consta que a esquadra portuguesa teria entrado no furo Guajará-miri seis dias antes de chegar ao Paraná-Guaçu (Baia do Guajará), em cujas margens situa-se Belém. No dia 06 de janeiro, Castelo encontrou uma aldeia Tupinambá, dos índios Uruitá, onde teria instalado uma sentinela para coibir a presença de estrangeiros, a qual deu origem à Vila de Vigia de Nazaré, sede do município de mesmo nome.
Pelo furo Guajará-Miri, a expedição desembocou na Baia do Sol. Ribeiro do Amaral, citando Berredos, diz que a expedição passou pela baia: (...) “e a ilha era o sitio mais acomodado para sua conquista e povoação; um dos mais agradáveis lugares desta costa para fundar uma cidade, a não serem seus mares tão inquietos (...), que dificultavam o desembarque”.
Castelo resolveu subir um pouco mais e, “em uma península à direita do Rio Guamá, ao desembarcar no Guajará, ai no lugar que melhor lhe pareceu, foi assentar a povoação”. Reproduzindo a nota de Roberto Southy, Amaral registra: “Mal escolhido fora o local”. “ (...) oito léguas atrás deixara Caldeira uma ilha chamada do Sol (hoje Mosqueiro), que seria o melhor local para estabelecer a sede da colônia”.
O primeiro português a pisar em terra foi Antonio de Deus, “dela tomando posse com sinais de grande alegria, por ver nessa povoação a feliz capital de uma Nova Lusitânia”.


O lugar, hoje, é uma metrópole com rica história, e que abriga um conjunto de atrativos urbanísticos, arquitetônicos, turísticos e culturais que enche de orgulho a cidade quase quatrocentona.
BELÉM, MORENA FACEIRA CHEIRANDO A PATCHULI

Parabéns pelos seus 395 anos
Fonte: Revista Veja

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A ESCOLA

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Professor das redes públicas estadual (desde de 15 de setembro de 1983) e municipal (desde de 1º de fevereiro de 1996), exercendo seu mister em Icoaraci, distrito de Belém, Pará. Espera através deste blog, fazer intercâmbios de idéias e atitudes com todos que labutarem no ramo da Biologia e até com aqueles que admiram esta importante Ciência em nosso planeta Terra