segunda-feira, 25 de maio de 2009

GREVE E INTRANSIGÊNCIA

A greve dos trabalhadores em educação pública persiste, e persiste, por dupla intransigência: da direção do nosso sindicato que quer visibilidade para os candidatos que apoiará em 2010 e do Governo do Estado, que alega queda de arrecadação em decorrência da crise econômica mundial. Com relação à queda de arrecadação, se tal artifício partisse de um governo “neo–liberal”, como a própria governadora classificava antigamente, tudo bem, poderia se justificar, já que os governos neoliberais não têm compromisso com a educação públca; agora, partindo de um governo “popular”, que teve apoio preponderante da categoria para chegar ao poder, soa como pura traição.
Acho que tanto o Sintepp, que diz representar a categoria, quanto o Governo do Estado, deve deixar mágoas e picuinhas político-eleitorais de lado e chegar a um consenso quanto às negociações para pôr um fim a essa greve que só prejudica os estudantes oriundos das camadas mais pobres de nossa sociedade. Não é o que o Sintepp está pedindo, nem o que o governo quer impor. Com relação à questão salarial, tivemos durante 11 anos da administração passada nosso vencimento corrigido pelo índice do salário mínimo, que vem tendo ganho real pois está relacionado ao crescimento do PIB brasileiro (índice do SM = INPC + PIB). O atual governo nos impôs uma correção “madrakiana” nos 1º e 2º anos de governo, quando usou o índice do salário mínimo no mês de sua vigência, para realinhar o vencimento, porém na data-base aplicou o índice de reajuste em cima do vencimento antigo, tirando-nos o ganho real. Hoje, nem o realinhamento ao salário mínimo foi feito e ainda quer nos empurrar goela abaixo 7,5% de reajuste, dizendo a secretária (em entrevista a “O Liberal”), que será pago o retroativo do realinhamento (sabe Deus quando). Vê-se, portanto que nosso salário está cada vez mais achatado, perdendo vertiginosamente o poder de compra, o que não podemos aceitar, até porque temos uma governadora que está no poder justamente por comandar passeatas, fechar ruas, ocupar prédios públicos sempre reivindicando educação pública de qualidade e melhores salários aos trabalhadores, entre outras.
Acho que essa questão pode ser bem resolvida por que temos um piso nacional profissional que, embora sub-judice, deve ser levado em conta, na atual conjuntura econômica para se buscar um acordo, pois para cumprir o que preconiza o PNP, atualmente, basta um reajuste em torno de 10% no vencimento base. Já existem estados cumprindo integralmente o PNP, já que a Lei assim faculta, porém não dá pra esperar isto do atual governo. Com relação ao vale-alimentação, não tínhamos nada até bem pouco tempo atrás, então temos que nos conformar com o que o governo quer nos dá: de repente podemos perder tudo.
Quanto às melhorias estruturais, sugiro que as escolas sigam o exemplo da EE “Teodora Bentes”, aqui de Icoaraci, isto é: promovam protestos constantes com mobilização da comunidade e veiculação na imprensa para que as melhorias possam ser anunciadas. É rapidinho.
São sugestões que certamente seriam rejeitadas por ampla maioria nas assembléias do Sintepp, mas sugestões coerentes e desprovidas de qualquer outro interesse que não o da manutenção do ensino público que serve à população carente de nosso estado, ao qual devo a minha formação.
(Por Raimundo Ezequiel Rodrigues de Souza)
*** Opinião publicada em "O Liberal" secção "Cartas Na Mesa" do dia 25/05/2009

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A ESCOLA

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Professor das redes públicas estadual (desde de 15 de setembro de 1983) e municipal (desde de 1º de fevereiro de 1996), exercendo seu mister em Icoaraci, distrito de Belém, Pará. Espera através deste blog, fazer intercâmbios de idéias e atitudes com todos que labutarem no ramo da Biologia e até com aqueles que admiram esta importante Ciência em nosso planeta Terra